domingo, 28 de dezembro de 2008

Poesia: Repare


Repare no mar
E a certeza de sua ondas
Porque a bossa nova está lá
Existindo no mutualismo
Entre a beleza e a ressaca
Entre o descer e o subir
Entre o viver e o sonhar

Repare na cidade
E a certeza de seus arranha-céus
Porque lá está a felicidade
Existindo no comensalismo
Entre a natureza e tecnologia
Entre o verde e a pele
Entre o bicho e o covarde


Repare no morro
E a certeza da favela
Ecossistema esquecido
Vivendo no amensalismo
Entre a arma e a criança
Entre a dor e a esperança
Entre o pobre e o bandido

Apenas repare
Porque o amor está no meio
Em pedaços e inteiro.


Renata Passos

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Poesia: Enxaqueca você


A intensidade de minha vida é fascinante
Tudo começa tão simples
Tudo caminha loucamente
E sempre termina marcante

Minha mente se confunde
Os neurônios enviam as mensagens
Do cérebro ao corpo
Eletricamente paranóicas
Rebeldes, errôneas

Ao coração chega
Como telefone sem fio
Que, por último
Nunca é igual à origem

Lembro de um fato
Um momento sem importância
Guardado na massa branca da infância

Quebrei o braço, torci o pé
Dor que já não mais afeta
As lembranças que devem ser esquecidas



Sempre voltam à superfície
Das entranhas da mente


As luzes surgem
Denominadas de enxaqueca
Dor física
Desenrolada pelo cérebro

Sobrecarregado de...
você.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Visões sobrepostas


Por que? As coisas não seriam tão diferentes e melhores se eles tivessem a noção da importância de ser os principais responsáveis pela nossa família? Com ela pode ser tão impaciente e irradiar grosserias frente aos espelhos do banheiro refletindo seus feixes por todo lar? Diga-me, como ele pode sertão medieval, estúpido e arrogante, ameaçador e prepotente, com seus bombardeiros eletrodométicos feito nazistas? Como sou diferente! Tamanho orgulho e sorte é a minha!

Por que? Essa menina chega em casa e nem olha em minha face e, ao telefone, demonstra tal felicidade e simpatia que não vejo desde os tempos de criança. Ah! Como queria que retornasse ao aconchego de meu útero, para que possamos ter, novamente, a nossa preciosa e precisa comunicação umbilical, só assim poderia senti-la mais próxima! Meu Deus! Quase não sai, só fico presa em casa e tratam-me como empregada! Dó de mim, carrego as dores desde o parto! Nunca melhora...

Minha mãe, caramba, ela não entende! Não entende a sina do meu coração encaixotado, a dor de minhas derrotas, o medo de viver nesse mundo sustentado por um papel! Tudo que queria era mil vezes afeto com doses de amor, não amor de teatro, apenas amor boreal, assim como a aurora que aquece e derrete as placas de gelo na Terra! Definitivamente, sou diferente!

Como ela pode irradiar grosserias frente aos espelhos refletindo por todo lar.....Tratam-me como empregada... Minha mãe não entende, como queria.... retonar a nossa comunicação umbilical....queria mil vezes afeto com doses de amor.... Nunca melhora ser diferente....



  • As estórias poderiam mudar se os pensamentos mais íntimos de cada um pudessem sofrer uma sobreposição. As pessoas temem dizer o que sentem. As pessoas pensam ser únicas e diferentes, mesmo sendo iguais em desgraças e conquistas, por isso nunca melhora....